A Estética e a Poesia do Corpo fragilizado
Sempre
escuto de outros coreógrafos e bailarinos que assistem aos espetáculos do Balé
Baião a mesma afirmação: “teu trabalho é
interessante principalmente pelos corpos comuns do elenco, pela naturalidade e
tranqüilidade que demonstram em cena...”
Essa
colocação por certo tempo me deixou pensativo sobre o que seriam esses “corpos
comuns” e essa naturalidade, então comecei a investigar dentro da Cia que
corpos estavam ali e que tipo de movimento eles me davam.
Fui percebendo que os primeiros elencos que acompanhei
(foram quatro ao todo) não tiveram oportunidade de conhecer técnicas e códigos
diversos de dança. Os dois primeiros elencos da Cia não desenvolveram a
habilidade de criar seu próprio caminho coreográfico, resumindo-se a meros
receptores de "passos". Sem falar do limite de "presença
cênica" pela ausência de "corpos treinados", resultando em
espetáculos repletos de coreografias complexas executadas por dançarinos que
deixavam a desejar.
A partir do terceiro elenco houve um investimento
prioritário na formação técnica dos bailarinos em exercício permanente da
criação individual e coletiva do movimento expressivo.
Diante disso o que estava faltando nos bailarinos da
Cia? A resposta veio nos laboratórios de criação. Percebi que era exatamente
essa "falta" a responsável pela singularidade de meu trabalho
coreográfico. Eu só precisava dar oportunidade para que cada bailarino
preenchesse essa falta com autonomia e personalidade.
Desde que passei a trabalhar a partir da improvisação de cada um, não
mais me incomodei com os chamados "corpos comuns", eles passaram a me
fascinar. Entendi que não funcionava proporcionar nos bailarinos somente a
capacidade de se manter natural, era preciso que fossem eruditos no que faziam,
que seus corpos zelassem pelo intuitivo e ao mesmo tempo surpreendessem com o
movimento técnico adquirido em aula. O que na verdade existe em todas as
companhias de dança são corpos comuns que nunca deixarão de sentir dor se forem
machucados, nem serão plenamente perfeitos mesmo sabendo executar sem erros a
seqüência coreográfica aprendida. Não é privilégio do Balé Baião trabalhar com
corpos comuns, pois todo corpo de qualquer bailarino traz em si características
comuns à todos os outros corpos existentes no planeta, principalmente
fragilidades que sempre nos alertam para a presença inevitável da imperfeição.
O limite é parte do ser humano e existe para sinalizar o momento certo de não
ir além, de parar para escutar, de aceitar as leis naturais da existência. No
entanto, esse limite pode ser poético quando assumido em cena. Surge daí uma
nova tentativa de superação desse limite, não baseada em
"virtuosismos" desnecessários que geralmente fazem o público delirar
e ao mesmo tempo o distancia daquela realidade cênica por não provocar adesão
sensível ao que está sendo dançado. A grande novidade é permitir que em cena o
corpo expresse sem temer suas fragilidades e nisso gere identificação no
público, no sentido de "abrir portais" para que cada pessoa se
perceba dentro do espetáculo, nas fragilidades e fortalezas dos corpos dos
bailarinos. Esse "corpo comum" que se meche naturalmente é na verdade
uma pessoa que resolveu dançar utilizando-se de todas as técnicas possíveis,
porém priorizando valores cênicos de sua própria personalidade adquiridos no
decorrer de sua história particular, em contato com distintos espaços e pessoas.
Procuro observar em aula o que os bailarinos trazem de
elementos particulares que não devem ser destruídos em nome de uma técnica
ensinada. Muitas vezes são "vícios" que se apresentam agressivamente
aos nossos olhos, mas que naturalmente vão desaparecendo à proporção que o
bailarino se alimenta de novas vivências corporais. Por outro lado, são
trazidos gestos e movimentações originais que revelam a identidade e as
características singulares do bailarino. Percebo com isso que a intuição jamais
deve ser substituída por "receitas prontas" de como dançar. A dança
deve ser insultada pelo professor e construída gradativamente pelo próprio
bailarino a partir de sua pesquisa individual.
Dançar com a consciência de que o espetáculo expõe meu
corpo, toda sua pequenez e grandeza, é possibilitar um novo olhar e uma nova
concepção do que seja espetáculo, do que seja arte, do que seja dança. As
miudezas passam a revelar suas expansões e os grandes movimentos as suas
miudezas; cria-se um conflito que se apropria das inconstâncias, das buscas e
achados do gesto humano.
Dançar com essas
perspectivas me faz pensar que meu corpo é visitado por todos os que me
contemplam. Passo a ser reflexo de todos os corpos que participam da dança de
minha vida. Público e eu dançamos em sincronia estabelecendo diálogos
silenciosos.
Metodologia de ensino-construção: Movimento
enquanto busca particular
Atualmente são
muitos os caminhos que apontam para a construção da dança particular do
bailarino contemporâneo, todos partindo de princípios comuns que se nutrem de
técnicas e sistemas criados por vários pesquisadores de movimento corporal
reconhecidos em todo o mundo como Von Laban na Alemanha, criador da
dança-teatro, dentre outros.
Quando um
autodidata em dança passa a conhecer várias técnicas de codificação do
movimento (Balé Clássico, Dança Moderna, afro, tradicional, entre outros), é
inevitável: ele entrará em crise artística. Antes de ter acesso a técnicas, a
dança do autodidata é construída a partir do pouco que se captou do mundo, estabelecendo
um trabalho bem mais artesanal no sentido de fazer esse "pouco"
render infinitamente. O acesso a muita informação técnica possibilita o
encontro com os códigos universais de dança; conscientiza que são poucos os
inventores e muitos os que aderem a invenções prontas. Ao entrar em estúdio
para criar uma coreografia, a impressão que se tem é que desapareceu a
“criatividade intuitiva” para que apenas haja uma reutilização artificial de
seqüências coreográficas aprendidas em aula. A princípio, a necessidade de
mostrar o que foi aprendido supera o antigo desejo de "criar por conta
própria", e quanto a isso não há outro caminho senão o de esbanjar todas
essa bagagens até que novamente se esgotem. O que acontece em seguida é um novo
esvaziamento, uma ânsia em ser autêntico mantendo a consciência de que se é
herdeiro de todo um processo outrora iniciado.
Falar de minha
experiência particular no Colégio de Dança do Ceará e de minhas recentes
atuações na Escola de Dança do Balé Baião é falar de descobertas que reverberam
no trabalho que desenvolvo enquanto criador e artista-docente não somente em
Itapipoca, mas na região e estado, experiências que me fizeram perceber o
quanto é fundamental proporcionar ao aluno-pesquisador logo em seu primeiro
contato com a dança o acesso a si mesmo, a seu corpo enquanto potencial
sensível, afetivo e criativo.
Dentro dessa
metodologia contextualizada, inserida na realidade concreta do corpo do
adolescente, deve-se dar condições para que ele conheça o que já foi criado e
nisso enriqueça seu acervo de conhecimento em dança. Logo após é preciso que se
questione sobre a dança buscada pelo aluno; que dança se quer construir? Este
será o insulto que provocará rompimentos com tudo o que fora absorvido
anteriormente, e por certo fará nascer uma verdade individual que deixará
evidente a beleza e a dignidade de um corpo falando de si mesmo, compartilhando
suas especificidades com cada pessoa que faz o todo do público.
A dança do Balé
Baião é resultado da fusão das danças particulares de cada bailarino da Cia. No
decorrer do processo de formação dos bailarinos foram se definindo aptidões de
movimento a partir de "facilidades" que foram descobertas
individualmente em desafios lançados nas aulas. Essas facilidades foram acolhidas
não como definição de estilo, mas como pressupostos para se investigar e
possivelmente construir algo. Esse "fácil" na dança apontado pela Cia
não significa conformismo diante do que se sabe fazer, e sim uma "base
matriz" que vai se complexificando no exercício da repetição e de quebra
súbita do movimento.
Cada
bailarino do Balé Baião procura ter a consciência de que não há "dança
definitiva" por não existir "dança acabada"; sempre há problemas
a se resolver no movimento e uma constante insatisfação que motiva para uma
nova tentativa. Viver é fundamentalmente experimentar!
A dança de Cia apresenta-se,
pois, como inacabada por estar sempre se construindo. Por mais que cada solista
revele uma extrema segurança e objetividade na execução do gesto, sempre existe
embutida neste uma flexibilidade disposta a repensar e reformular esse
movimento a partir de novos anseios e focos emergentes.
Movimento
enquanto construção conjunta
Em se
tratando de improvisar com o outro estabelecendo troca de sinergia no ato de
dar e receber movimento, se faz necessário antes de qualquer coisa uma profunda
intimidade com a pessoa que se propõe a ser parceira da criação. Uma companhia
de dança, no caso do Balé Baião que existe há 15 anos com um elenco permanente
de 10 anos, dificilmente deixará de construir uma trajetória de convívio e
companheirismo perpassando as fronteiras do profissionalismo.
A
experiência de grupo permanente, de estar em contato constante com aqueles
corpos, de conhecê-los apuradamente, possibilita segurança mesmo diante das
incertezas que acompanha qualquer improvisação. Conhecer o parceiro, suas
potencialidades e limitações, é garantir uma confortável entrada e saída de
movimento, um diálogo claro com a "fala corporal" do outro sem
bloqueios físicos e psicológicos.
Os membros da
Cia Balé Baião antes de serem parceiros de trabalho são vizinhos, moram na
mesma rua e bairro, a maioria se
conhece desde a infância e adolescência, são amigos confidentes que se
encontram todos os dias, independente de ter ou não aula de dança. Existe entre
eles uma cumplicidade que influencia inevitavelmente na criação coletiva do
movimento da Cia. A afeição que existe entre todos gera uma dança acolhedora e
tolerante, uma ação de escuta e resposta diante do que está sendo perguntado
pelo corpo do outro no momento mais oportuno.
A convivência
de seis anos tornou perceptíveis as "diferenças" que fazem de cada
bailarino da Cia pessoas de personalidades singulares. Paralelo a isso ficou
evidente o que há de mais comum entre todos, tanto no que se refere a condições
físicas, reações psicológicas e principalmente na qualidade de movimentação.
Hoje se percebe claramente na Cia, corpos que buscam conservar suas
especificidades, mas que manifestam "sincronias conscientes" de
gestos e movimentos que parecem fazer de todos um só corpo e uma só expressão
com equidade.
No decorrer dos
anos, muitos jogos e exercícios foram se codificando à proporção que foram
vivenciados pela Cia. São comandos que apressam o processo de descoberta e
construção do movimento de qualquer pessoa que deseje começar a dançar. Fui
percebendo que é possível criar uma unidade móvel nos bailarinos a partir da
diversidade de corpos e bailados que se apresentam em nossa escola de dança. E
o melhor de tudo, é que não precisa de seis ou doze anos para isso; existem
formas de adiantar a chamada formação do aluno de dança, no nosso caso, alunos
adolescentes entre 14 e 20 anos de idade.
A linguagem
desenvolvida por uma companhia de dança é sua verdade exclusiva. O Balé Baião
consegue hoje repassar sua verdade não somente pelos espetáculos que produz,
mas, sobretudo, através do sistema de ensino iniciado em julho de 2004 na
escola que fundou. Adolescentes que nunca pensaram em dançar e outros que
sempre quiseram isso, mas não sabiam como começar, estão criando
individualmente e em grupo a dança contemporânea de Itapipoca sob orientação
dos bailarinos da Cia. Os professores de dança se utilizam de exercícios
próprios do Balé Baião nas aulas de consciência e expressão do corpo,
contato-improvisação e composição coreográfica.
A dança do Balé Baião, algo que
antes parecia impossível de ser executada por outras pessoas, está sendo
vivenciada com vigor por novas gerações de bailarinos, cúmplices de uma dança
que antes de tudo passou a significar agrupamento, integração de pessoas que
querem produzir profissionalmente nutridas pela paixão, pela vida em grupo. Não
dá para compreender dança coletiva ou criação conjunta de movimento corporal se
existe discórdia e inimizade entre bailarinos de uma mesma companhia. A dança e
o corpo não mentem jamais... É fundamental que o "bailarino tal"
esteja muito bem com todo o "corpo de baile" para que consiga ser
pleno na execução de seu movimento, e nisso possa ser um só corpo com os outros
na sincronia das diferenças. Antes do ensino da dança é necessária a fomentação
de uma consciência de grupo, de vivências que valorizem a construção de um
senso humanitário centrado na tolerância e na cumplicidade.
Do Particular para o conjunto
Não existem
"receitas" ou exercícios padrões que irão "moldar" um
bailarino. Depois que passei a conhecer jogos de contato-improvisação, pude
entender que podia fundir intuição e técnica para dirigir minha dança
particular e conseqüentemente para preparar tecnicamente o corpo de baile da
Cia Balé Baião. Logo após alguns anos, repetindo os mesmos exercícios de
criação de movimento repassados no Colégio de Dança do Ceará, comecei a
desenvolver exercícios próprios que vieram corresponder às atuais necessidades
estéticas da Companhia. São propostas de vivências que podem contribuir com
algumas etapas básicas de formação do bailarino-criador-intérprete, tais como:
• 1a
etapa: Conscientização do corpo e de sua expressividade;
• 2a
etapa: Níveis corporais (planos verticais e horizontais);
• 3a
etapa: Tempo do Movimento;
• 4a
etapa: Direções (paralelismos e oposições);
• 5a
etapa: Contenção e expansão do corpo no espaço;
• 6a
etapa: Estados corporais: o cênico na imobilidade;
• 7a
etapa: Sincronia e quebra de sincronia;
• 8a
etapa: Interação com objetos cênicos;
• 9a
etapa: Interação com outros bailarinos:
Ø
Sem
olhar e sem toque
Ø
Com
olhar e sem toque
Ø
Com
olhar e com toque
Ø
Conduções
pelo contato direto e indireto
Ø
Divisão
de peso
Ø
Aproximações
e distanciamentos
Ø
Sustentações
• 10a etapa:
Composição poética e filosófica de dança;
Da presença
à ausência de movimento
Entendo que a
primeira compreensão de dança do bailarino é intuitiva. Para que haja autonomia
criativa do intérprete, é necessário que ele tenha autoconhecimento de seu
corpo antecedendo a qualquer aprendizado acadêmico.
Uma opção
que muito pode contribuir nesse processo é tomar paralelo o exercício do ensino
de técnicas sistemáticas de dança, principalmente se a turma é formada por
adolescentes. Estes precisam de uma dinamização que apresse o processo de
construção da dança almejada, afinal, práticas de dança deveriam ser iniciadas
na infância trabalhando principalmente a espontaneidade da criança. São raras
as escolas de dança no interior do estado; no geral, os adolescentes precisam
"correr atrás" para recuperar o tempo perdido. Itapipoca, Trairí,
Paracuru, Paraipaba, Tejuçuoca e Itapajé (Vale do Curu e Litoral Oeste do
estado) conhecem muito bem essa realidade.
A Cia Balé
Baião quer suscitar em sua escola bailarinos que tenham autonomia e personalidade
no dançar. Sabe-se que somente depois de alguns anos de experiência com dança é
que se chega a tal medida, porém, já são visíveis casos de adolescentes da
Escola Balé Baião que pela tendência de criar estão surpreendendo com trabalhos
autorais produzidos em pouco tempo de experiência, apresentando precocemente
consistência de movimento e de direção coreográfica. Constatei que o alicerce
de tudo isso é a consciência do corpo e da expressividade que esses
adolescentes estão desenvolvendo nas aulas de criação particular do movimento,
somados às aulas de Balé Clássico e Dança Moderna. Nisso se ganha maior
amplitude de possibilidades corporais.
As aulas de
conscientização do corpo partem das seguintes propostas de vivências:
• Ausência total de movimento do corpo seja no chão ou em pé (trabalho
com as duas possibilidades);
• Ampliação do olhar através de
direcionamento para o foco da frente, focos laterais, cima, baixo e costas.
Fechar olhos e visualizar uma cor (a primeira que vier);
• Respiração ativada somente pelo nariz, somente pela boca, integrando
nariz e boca, prender e liberar fôlego, respirar por todos os poros,
normalizar;
• Percepção do corpo sem movimento (visualização) e ou com movimentação
crescente de todas as partes, dos pés até a cabeça e ou da cabeça aos pés, da
periferia ao centro do corpo e do centro à periferia. Esses trabalhos podem ser
realizados com o corpo deitado ou de pé. Se o corpo está no chão, a
movimentação deve ser horizontal, tudo pesará e se arrastará sem elevação de
periféricos (braços, pernas, cabeça) e nem centro do corpo (tronco). Trazer à
tona a lei da gravidade.
Se o corpo está de pé,
explorar direções paralelas e opostas do movimento em sustentações e declínios
dos periféricos, contrações e descontrações no centro.
• Locomoções a partir de pequenos e grandes apoios presentes em todo o
corpo. Elevação de periféricos e centro se necessário (verticalizações de
braços, pernas, bacia);
• Utilização de níveis corporais:
Ø
Corpo
deitado: Busca do lado direito e esquerdo, rolamento para troca de lado,
elevação do tronco usando os braços como apoio de sustentação (cambrê),
utilização de todos os possíveis apoios e ísquios para sentar, apoio somente no bumbum para elevar
periféricos (equilibrar e desequilibrar), utilizar-se de quatro apoios (braços
e pernas) e de dois apoios (pernas com flexão de joelhos e tronco caído),
desenrolar e enrolar o tronco de baixo para cima, de cima para baixo, pelos
lados direito e esquerdo, braços ativados pelos cotovelos em ondulação,
elevação e declínio, lançamentos e "enganchos", um braço congela e o
outro continua a se mover, oposições e paralelismos, cabeça e tronco
acompanhando ou não a expansão e contenção dos braços. Ocupação do espaço pela
condução dos periféricos e centro do corpo. Equilíbrios, desequilíbrios, giros,
saltos e rolamentos de todo o corpo em interação com o espaço. Contenção
decrescente do movimento até chegar a pulsações visíveis e invisíveis; estado
de dança na imobilidade.
Ø
Corpo
de pé: Cada parte do corpo move-se a partir das necessidades momentâneas,
começando pela cabeça e encerrando nos pés. Após tal parte se movimentar que
haja uma pausa para que a parte vizinha comece a mexer. Depois de todas as
partes trabalhadas com suas respectivas pausas, inicia-se uma emenda de movimentação
livre onde cada parte do corpo vai provocar movimento na sua parte vizinha
integrando cabeça, tronco e membros. Escolha de partes do corpo que vão
congelar em planos opostos, sejam verticais ou horizontais, enquanto que as
outras partes se movimentarão em integração ou não a elas. Enganchos de
movimento que provoquem expansões; ocupações do espaço mínimo e do máximo;
paradas bruscas e paradas decrescentes do movimento (máximo ao mínimo) e o
inverso; pulsações visíveis e invisíveis: estado de dança na imobilidade
(paralisação com pulsações discretas).
Da
Sincronia à Quebra
Hoje acredito
que a dança precisa nascer em plena apresentação. Ela é fecundada em aula pela
prática permanente de técnicas sistemáticas, porém, só ganha corpo na
libertação do gesto aos olhos de todos, nos palcos da vida.
A dança casual
ou o movimento que surge em coincidência com outro movimento de outro
bailarino, e que por acaso cria uma harmonia plástica nos convencendo de que
aquilo foi ensaiado e não uma improvisação é o que chamo de sincronia quebrada
ou diálogos improvisados.
A partir de
agosto de 2004 venho catalogando exercícios que possibilitam o encontro e o
desencontro proposital com essa sincronia. Parto sempre da idéia de que é
preciso antes de tudo uma liberação dirigida do movimento expressivo. Sempre
procuro fragmentar o máximo possível as possibilidades de mobilização do corpo
do bailarino-criador para que ele contemple de forma processual as suas
descobertas específicas e sobretudo suas dificuldades naturais, sendo
impulsionado a investigar e construir sua performance à luz de suas facilidades
e desafios. Mostro em seguida algumas etapas que trabalham essas perspectivas:
Variações e releituras
• Repasse de uma variação ou frase
coreográfica que valorize o que pretendo explorar de específico naquela aula.
Ex: braços em nível alto, contato com o chão, movimentos do cotidiano, outros.
Em seguida a
variação é executada em tempos diferentes (calmaria, explosão...), em novas
marcações no espaço (bailarinos em círculo, direções opostas, níveis diversos
do corpo...), minimizando e maximizando a movimentação.
Depois,
ocupando todos os espaços da sala em direções variadas, os bailarinos serão
convidados a fazer releituras particulares da variação, criando novos traços
espaciais, movimentos e gestos próprios, sem fugir da matriz inicial. A idéia é
que ele possa usar a coreografia repassada como base para criar uma nova
coreografia, mas que conserve sua essência (sua idéia central), mantenha sua
velocidade, seu fluxo, direções, níveis e focos. Após repetidas tentativas de
releitura, todos os bailarinos serão dirigidos a expôr suas performances em
três etapas:
1. Cada um mostra sua releitura para todos
apreciarem;
2. Todos mostram suas performances ao mesmo
tempo para que perceba-se em meio às diferenças onde podem estar as sincronias;
3. O professor direciona a turma para que abram
um círculo. No centro os bailarinos mostrarão em duplas suas releituras para
que se perceba com mais profundidade onde estão os contrastes, sincronias,
encontros e desencontros casuais. A partir daí o professor pode explorar novos
comandos para que as duplas estabeleçam diálogos criativos, tendo como base
seus solos: trabalhar diferentes tempos, velocidades, enquanto um dos
bailarinos congela o outro move-se, inversão de papeis, dentre outras
possibilidades de comandos que podem surgir.
Matrizes ou Estados corporais
• Definir uma posição corporal em que todos
devem ficar. Essa posição não deve ser "petrificada" como uma
estátua; precisa de respiração natural e de pulsações mínimas. Cada
bailarino-criador começa a improvisar partindo dos periféricos de forma
econômica e tranqüila, avançando progressivamente com a liberação de movimento.
Ao mesmo tempo em que se foge da matriz (posição-base) retorna-se a ela como um
refrão a ser repetido, deixando sempre novas possibilidades de movimento
ganharem forma no espaço mínimo dado pela matriz. À proporção que há uma
evolução do movimento, novas matrizes ou posições-base podem surgir na
tentativa de valorizar outros níveis corporais. O bailarino criador fica
transitando entre uma matriz e outra (três no máximo) desenvolvendo percursos
conscientes entre elas. De três retorna-se a duas matrizes, de duas a uma e
nela finda-se o jogo do jeito que foi iniciado.
Seguindo
o outro por caminhos opostos
• A idéia é que haja um
encontro e um desencontro com a variação (coreografia) dançada pelo parceiro.
Enquanto “seguidor ativo” percebo o que o outro está me dando de movimento e
tento repeti-lo de forma pessoal, estando e ao mesmo tempo não estando em
sincronia com a coreografia dada. De forma súbita, o bailarino que dava
movimento pra mim, agora tenta me acompanhar da mesma maneira que fiz antes com
ele. Tendo mais bailarinos no jogo, troca-se de parceiro o tempo inteiro, todos
assumindo os papéis de dar e receber movimento sendo ativos e receptores ao
mesmo tempo. O exercício pede que não haja troca de olhar entre bailarinos para
que a visão aconteça discretamente por outras vias e nisso se desenvolva um
olhar indireto, uma visão de cena que acontece via percepção sensitiva do
outro.
Não tocar no
parceiro também é outro comando que suscita uma busca a mais dos bailarinos
nesse jogo. Criam-se outros fios de ligação que não são palpáveis, como se cada
bailarino permanecesse no solo de seu mundo particular e rompesse com ele
penetrando no mundo do parceiro. Em seguida entra o olhar, o toque
diversificado, conduções, sustentações, sempre estabelecendo aproximações e
fugas do parceiro.
Desenhos Espaciais
Encontros
fotográficos:
A meta desse trabalho
é criar imagens corporais no espaço mínimo e máximo, a partir de ligações
diretas e indiretas entre os corpos dos bailarinos.
A utilização
dos periféricos (braços, pernas...) acontecerá por necessidade de locomoção,
ocupação e desocupação dos espaços e não por “enfeite” desnecessário. Será
fundamental que o corpo seja usado em sua totalidade, porém, sem recorrer a
movimentos artificiais que geralmente surgem em improvisações inconscientes.
Os bailarinos
procurarão uns aos outros tentando ficar do lado do parceiro, na frente, atrás,
de costas, apenas para ficar perto do outro. Para achar um corpo é necessário
que haja locomoções correndo ou utilizando-se de apoios no chão. Algumas
matrizes podem ser adotadas para funcionarem como ponto final do movimento. O
ato de correr ou de se locomover pelo chão será adotado como movimentação
codificada do jogo; para ficar perto de alguém em pé ou deitado serão
"pontos finais" das frases ou “matrizes” que sempre surgirão para
criar sincronia nas quebras.
Após congelar
em uma matriz, o bailarino decide para onde ir, de que forma se locomoverá e de
que maneira vai parar ao lado do outro para recomeçar tudo novamente, de forma
crescente e em seguida decrescente. Nesse exercício, desenhos inesperados são
construídos, tais como quadrados, círculos, asteriscos, filas, letras, (S, L, T
...), dentre outros.
Para que o bailarino consiga
realizar esse jogo é básico que ele tenha noção de desenho, decisão objetiva na
hora de se locomover para mudar de ângulo, agilidade, visão total do que está
acontecendo no espaço, habilidade com o chão (apoios, amortecedores...) e sem
dúvida, entrosamento com os parceiros de dança.
As
cinco ações naturais
Os bailarinos deverão estar espalhados no espaço da sala em direções
diferenciadas. Todos deverão vivenciar ao mesmo tempo as cinco ações ou
atitudes mais comuns dos seres humanos: andar, correr, parar, sentar e deitar.
Cada um deverá compor formas variadas de executar cada ação em tempo
determinado pelo professor. Na próxima etapa os bailarinos terão autonomia para
escolher as ações que desejar para executar, uma após outra, em tempos e
espaços diversos, desenvolvendo uma partitura harmônica a partir de escolhas.
Todos estarão em cena executando ações diferentes que subitamente se
harmonizarão conforme escolhas comuns que sem planejamento serão feitas. De
repente três bailarinos poderão sentar ao mesmo tempo, enquanto que dois
estarão correndo e quatro estarão deitando no chão, entre outros exemplos. A
seguir, o professor conduzirá os bailarinos para a vivencia das cinco ações em
quatro momentos específicos:
- As cinco
ações serão vividas a partir de temas relacionados a sensações, exemplo:
correr, deitar, sentar, parar e andar com o medo, com o sentimento de
solidão, de espera, com desesperança, com determinação e alegria, dentre
outros temas, sempre mantendo a economia dos gestos, a intensidade do
movimento e a crença na verdade que estará se materializando no corpo.
- O
bailarino vivenciará as cinco ações em interação com os outros bailarinos
através da aproximação de alguém e por conseqüência do contato com alguém.
Exemplo: três bailarinos sentaram perto um do outro ao mesmo tempo por
decisão consciente. Em seguida um deles encosta a cabeça no ombro do
vizinho, enquanto que o outro o abraça. Resultado: imagem de três pessoas
se amparando com ternura, dentre outros exemplos.
- Os
bailarinos vivenciarão as cinco ações em interação consciente uns com os
outros, a partir de temas lançados pelo professor: medo, solidão, fúria,
indiferença, solidariedade, amparo, compaixão, dentre outros.
- Os bailarinos vivenciarão dentro do desenho de um quadrado com cinco pontos de localização, as cinco ações com os sentimentos que optarem, sempre trocando de lugar e transitando entre uma pessoa e outra, Os pontos deverão ser quatro nas extremidades e um ponto central. Em cada ponto de acordo com as trocas de lugares podem ter duas pessoas, uma ou todas ao mesmo tempo. Não haverá limite de pessoas para cada ponto, como também não será erro se determinado lugar ficar vazio (Esse vácuo pode ser extremamente cênico). Enquanto os bailarinos trocam de lugar, mudam ações, velocidades, ou encontram de súbito alguém e se acoplam, serão automaticamente formadas “imagens cênicas” que ao mesmo tempo petrificarão nas pausas e se movimentarão com intensidades diversificadas, gerando infinitas opções de “olhares” na platéia.
Interação com objetos
O objeto
escolhido para ser trabalhado em um espetáculo de dança deixa de ser meramente
utilitário para tornar-se objeto de cena, ou seja, parte integrante do conflito
e da estética do trabalho exposto.
É preciso que o
bailarino-criador tenha coerência na escolha do objeto cênico que vai utilizar
em sua performance. Ele deve ser na dança extensão poética do movimento
corporal, ampliação, prolongamento da presença cênica do bailarino. O objeto
escolhido precisa corresponder aos anseios do coreógrafo no que se refere à
concepção ou à idéia central do trabalho que quer desenvolver. De repente será
preciso apenas um objeto cênico e nada mais. Lidar com o necessário em cena é
garantir um trabalho essencialmente poético, despojado e repleto de vácuos a
serem preenchidos pela platéia, que passa a ser dona do trabalho coreográfico à
proporção que ele é apresentado ou ofertado no palco.
Se existe
objeto em cena é necessário estudar e compor o seu começo, meio e fim, definir
o objetivo concreto que ele terá em cena, em que momento vai aparecer, garantir
sua aparição discreta e seu desaparecimento súbito, que conflito cênico ou que
"plástica corporal" ele ocasionará no acoplamento com os bailarinos,
com o espaço da cena e da platéia que o percebe e até mesmo toca-o. Outra
questão fundamental nesse trabalho com objetos é possibilitar que não haja
agressão ou violência dos mesmos quando usados na tentativa de forçá-los a
serem outra coisa. Os objetos são o que são e devem ser “usados” da maneira que
é possível usá-los. A partir do momento que me utilizo do objeto com a
pretensão de demonstrar “domínio de malabares” não estou fazendo dança, e sim
artes circenses.
Procurei
dividir a pesquisa de interação com objetos em duas etapas básicas:
Objeto Cênico em solo
Ø
Reconhecimento
do objeto - O bailarino-pesquisador deve estudar pelo olho e pelo toque a
estrutura, o tamanho, o peso, as possíveis entradas e saídas que o objeto
apresenta, bem como suas fragilidades e resistência.
Ø
Mudança
de plano do objeto + mudança de plano do corpo - O objeto deverá ser colocado
em outras posições (deitado, de lado, de cabeça para baixo...) enquanto que o
bailarino tentará imitar com seu corpo as mesmas, se aproximando e se
distanciando dele, criando movimentos de ligação que favoreçam a troca de
posição do objeto e conseqüentemente entre o fluxo de movimento em ocupação do
espaço.
Ø
Entrar
e sair do objeto - O bailarino poderá ir ao encontro do objeto para encaixar-se
nele ou trará o objeto para seu corpo onde se acoplará. A cada entrada no
objeto (sentar, ficar de pé, por cima dele, colocá-lo na cabeça, prendê-lo
entre cabeça e ombro etc.) é importante fixar a imagem congelando. Pouco a
pouco, dentro dessa imagem desenhada (matriz), devem-se liberar pequenos e
grandes movimentos, sempre a partir do limite e das possibilidades que o objeto
oferece. O momento de êxtase do jogo é quando o fluxo de movimento rompe com as
imagens congeladas proporcionando continuidade, abandonos e retornos ao objeto
em ocupação consciente do espaço.
Ø
Desenhar
o espaço com objetos - cada bailarino vai precisar estar vestido com uma blusa
grande de algodão. Pegando com as duas mãos a parte inferior da blusa, cria-se
um depósito onde ficarão guardados objetos pequenos (padronizar: caixas de
fósforos, ou búzios, miniaturas de brinquedo, batons, etc). O jogo começa com a
retirada tranqüila desses objetos da blusa. O bailarino vai espalhar esses objetos
em todo o espaço preenchendo todas as lacunas. No segundo momento ele recolherá
esses objetos de forma dinâmica levando-os novamente para o depósito da blusa.
Tanto o ato de espalhar como o de guardar os objetos deve provocar nos
bailarinos um ágil trabalho de chão (apoios e amortecedores dos periféricos,
articulações, giros, saltos, equilíbrios e desequilíbrios) diversificando o
tempo, o tamanho, a força e o peso do movimento desenvolvido.
Objeto Cênico em grupo
Ø
Formação
de desenhos espaciais com objetos:
o grupo de bailarinos vai montar
desenhos diversos no chão a partir da interação dos objetos. Para a formação
desses desenhos, os bailarinos terão que encontrar uma dinâmica de locomoção no
espaço utilizando-se dos níveis baixo, médio e alto, sempre buscando ter visão
do "todo" e das "partes" para que não haja choques e
colisões entre corpos e objetos. O desenho criado será resultado da inspiração
e escolha do bailarino diante do objeto que foi deixado no chão. Ele deverá
traçar o próximo risco do desenho com seu objeto e o bailarino seguindo fará o
mesmo. A cada desenho construído o grupo de bailarinos deverá congelar em
posições corporais diversas contemplando a obra. Subitamente, um dos bailarinos
resolverá tirar seu objeto do chão quebrando com o desenho para construir
outro. Os bailarinos escolherão acompanhá-lo ou não em novos trajetos, novos
desenhos com objetos e novos quadros vivos com a mobilidade e imobilidade dos
corpos em ação.
Ø
Entregas
e recebimentos de objetos:
Esse trabalho deverá ser feito inicialmente em duplas. Os dois
bailarinos estarão com objetos iguais (bacias, bancos etc) e próximos um do
outro (de lado, frente, costas...). A idéia é que os bailarinos se movam em
interação com os objetos e em seguida encontrem um momento oportuno para
trocá-los. Esse momento de troca terá que ser recheado de pausas sinalizando e
espera pelo outro, e de avanços decididos no intuito de garantir a entrega
segura dos objetos. Esse exercício pode ser desenvolvido também com a
utilização de apenas um objeto, seguindo a mesma seqüência de entregas e
recebimentos. O bailarino que estiver com o objeto estará interagindo com ele,
enquanto que o outro se moverá livremente. À proporção que vão estabelecendo a
inversão de papéis, cria-se uma codificação de movimentos nos corpos pelo
contato com o objeto. O movimento manifestado pelos dois será resultado dessa
repetição e dessa interação simultânea.
O segundo
momento desse trabalho é juntar um grupo maior de bailarinos para desenvolver a
trajetória anterior. Desta vez, a interação e a agilidade deverão ser dobradas
para que haja harmonia e sincronia grupal na execução das trocas de objeto e
nas locomoções pelo espaço. Em primeiro plano tudo deve ser feito com calma
para que se estudem caminhos e estratégias de troca. Conseqüentemente a
velocidade deve se acentuar dentro de um fluxo contínuo até se construir um
clímax e um retorno a calmaria.
Eis alguns
objetos cênicos utilizados em aula pela Cia Balé Baião e por sua escola de
dança:
Ø
Bacias,
lençóis, bastões, cadeiras, bancos, pedras, búzios, malas, imagens de santos
populares, giz, elásticos, bolas, sinos, espelhos, chinelos, roupas,
lamparinas, brinquedos, DVDs, folhas de papel ofício, caixas de fósforos,
travesseiros, esteiras, cordas, barbante, sacos de algodão, miniaturas dentre
outros.
Composição Poética e Filosófica da Dança
Esquematizar um
roteiro coreográfico para a dança desenvolvida no Balé Baião é um exercício de
leitura que principia no entendimento do corpo e do movimento que se quer
trabalhar dentro do espetáculo (linguagem corporal), estende-se no
aprofundamento filosófico e poético desse corpo e desse movimento (concepção do
tema ou assunto norteador), e tem sua culminância na fusão desses dois
aspectos, seguindo pelo processo de experimentação e definição de cenas em
constante tentativa de descoberta coreográfica que requer repetição,
flexibilidade e, sobretudo, generosidade dos bailarinos-criadores no sentido de entrega ao trabalho, assumindo
principalmente as dificuldades de adesão às técnicas repassadas. Generosidade, entrega
e adesão são exercícios que sempre exigem do aluno-bailarino determinação, paciência e perseverança.
Independente da
linguagem a se utilizar ou do tema específico a ser discutido no espetáculo, o Balé
Baião sempre quer falar do momento presente da humanidade, dos conflitos,
ânsias, buscas e achados do corpo contemporâneo, tendo como pano de fundo a
vida e a diversidade de contextos que fazem o planeta terra.
Esse pensamento
acaba me deixando à vontade para criar sem prender-me a "receitas
acabadas" de composição, bem como me desprende de temas de cunhos
diversos. Preciso estar livre e lúcido para dançar sempre de outro jeito, para
falar de outra coisa, para não falar de nada, para estar em outro lugar, para
ser outro sempre. Creio que a lógica da vida (que antecede à dança) é buscar e
achar incessantemente; no dia em que tudo tiver sido achado e não existir mais
buscas, a vida deixará de pulsar, o corpo não precisará mais caminhar e tão
pouco dançar.
Em resumo, eis
algumas pistas que facilitam o processo de composição coreográfica:
Ø
Definição
do que se quer falar (ideia central) e da linha de movimentação corporal
(estética do espetáculo);
Ø
Aprofundamento
teórico da idéia central do espetáculo (livros, vídeos, entrevistas etc.);
Ø
Pesquisa
de campo (visitações, registros em fotografia e vídeo, questionários...);
Ø
Em
estúdio: Experimentações e confecção das cenas ou das partes que farão o
roteiro do espetáculo (busca de comandos que capturem os corpos nas cenas
desejadas, marcações sincronizadas e livres para improvisar, utilização de objetos cênicos...);
Ø
Definição
da trilha sonora apropriada para cada cena do espetáculo;
Ø
Definição
de figurinos apropriados (de preferência que valorizem as diferenças de cada
corpo do elenco, sem padronização de modelo);
Ø
Ensaios
fechados e interativos (avaliações abertas);
Gerson Moreno
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